SOS MÉDICOS

Paulo Garcia

De acordo com a fala do Secretário Municipal de Saúde, Paulo Fernando Garcia, o problema de falta de médicos para atender municípios de pequeno porte está gerando uma situação difícil para ser administrada, ainda mais para aqueles municípios como Maripá de Minas, que tenta de todas as maneiras manter um atendimento clínico de 24h para uma população de 2.788 habitantes, necessitando de aproximadamente 10 médicos para tal.

Não se trata de remuneração inadequada, ou carga horária incompatível, mas sim da falta do profissional médico, pois os que existem, preferem trabalhar em centros urbanos maiores, como a cidade de Juiz de Fora.

Segundo publicações oficiais do Ministério da Saúde, nos últimos dez anos o Brasil acumulou um déficit de 54.000 médicos. De 2003 a 2011, surgiram 147 mil vagas no mercado de trabalho para contratações de médicos, contra 93.000 profissionais formados, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Com estes dados oficiais, o Brasil hoje tem 1,8 médicos para cada 1.000 brasileiros, índice abaixo de outros latino-americanos como Argentina (3,2) e México (2). Para igualar-se à média de 2,7 médicos por mil habitantes registrada na Inglaterra, em cujo sistema de saúde se inspirou o Sistema Único de Saúde (SUS), o Brasil precisaria ter hoje mais de 168.424 médicos.

Isto está refletindo negativamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de municípios de pequeno porte. Não existem médicos disponíveis para trabalhar no interior do país, e para tentar amenizar esta situação, o governo federal lançou o PROVAB (Programa de Valorização da Atenção Básica) no qual os municípios do interior poderiam se candidatar para receber médico deste programa, que seriam remunerados através de uma bolsa mensal de R$ 8.000,00, integralmente paga pelo Ministério da Saúde para cumprir 32h semanais de atividades práticas nas Unidades Básicas de Saúde do interior, e 8h semanais de curso de pós-graduação em Saúde da Família com duração de 12 meses.

Dos 13.000 médicos solicitados pelas Prefeituras de áreas carentes, apenas 3.800 foram contratados, representando 29% da necessidade real. Não houve sucesso do programa.

Fala-se agora em trazer médicos estrangeiros (principalmente de Portugal e Cuba), mas isto seria só uma parte da solução. “Na verdade precisamos também abrir vagas de graduação em medicina, formar mais especialistas e continuar investindo em infraestrutura”, ressalta recentemente o Ministro da Saúde durante um evento em Belo Horizonte.

Terminando sua fala, Paulinho colocou que em sua opinião este problema poderia ser amenizado através de uma solução regionalizada, por exemplo, a criação de um Hospital Regional para abrigar os pacientes encaminhados em regime de urgência através dos municípios consorciados, a exemplo do CIESP (Consórcio Intermunicipal de Especialidades Médicas) que funciona no município de Bicas.